segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Na dúvida, o menos é mais

Outro dia, voltando do trabalho pra casa após uma sexta-feira, passei em uma loja em busca de algumas roupas diferentes. Experimentei uma calça jeans, modelo tradicional, que ficou linda! Sabe aquela calça que veste bem e não precisa fazer nada? Coisa rara. Depois foi a vez de provar uma blusa de renda, deliciosamente leve e fresca. Adorei. Peça coringa. Já empolgada com tantas opções P E R F E I T A S  resolvi ''inventar moda'' e ver como eu ficava em uma calça branca de tecido, estilo cigarrete. Surpresa minha! A calça ficou belíssima e seria possível fazer incríveis combinações com o que eu tinha no armário. Só fiquei meio incomodada por ela ser branca. E se tem uma coisa que pode acabar com o dia de uma mulher é a temida calça branca. Primeiro porque todo mês somos ''presenteadas'' com a menstruação, que costuma chegar de um jeito avassalador e pode deixar um registro vermelho nada agradável de se ver e, numa calça branca o resultado é bem pior. Segundo que a danada da calça branca pode marcar a calcinha. Pois é. O verbo 'marcar' quando se trata de roupa feminina gera polêmica. Uma corrente diz que roupa que marca pode dar um ar sedutor, através da transparência. A outra corrente acredita que marcar tá por fora e é super vulgar. Errado ou certo, eu sigo a segunda corrente. Na dúvida, o menos é mais. Ao colocar a calça na loja percebi que poderia usá-la com uma blusa maiorzinha por cima, porque ficaria elegante e não daria pra ver nada... A vendedora, em seu papel natural , me sugeriu inclusive usar uma calcinha bege para aquele estilo de calça. Topei. Arrisquei. Levei tudo. Chegou a segunda-feira. De volta à atividade. Acordei às 5 da manhã pra ir pro curso e ao escolher a roupa não pude me conter... coloquei a calça branca! Ficou linda. Mas, lá dentro, no fundo, eu sentia que não devia usá-la. Sei lá. Uma falta de segurança misturada com ''vai dar merda''. Mas sempre quis usar uma calça branca como aquela, que veste bem e tal. Então segui com a dita cuja. Atravessei a Baía de Guanabara de Barca, sentido Rio, rumo à minha aula de pós graduação. Aula bacana, tudo certo. Em um dado momento senti que parte da base da minha maquiagem havia se transportado para parte da perna direita e o que era branco tinha se transformado em um tom meio marrom amarelado. Mas dava pra disfarçar. Afinal eu estava arrasando com aquela calça, gente. 10 da manhã, fim da aula. Fiz o caminho oposto sentido Niterói, para ir ao trabalho. Entrei na estação das Barcas, precisamente na Praça XV, à espera da minha lancha. Tenho a mania idiota de ser a primeira e ficar bem na frente da porta, pra quando abrir eu escolher o melhor lugar pra sentar. Atrás de mim deviam ter uns 10 homens. Foi então que a pasta e o telefone que estavam em minhas mãos caíram no chão. Nenhum cavalheiro se mexeu pra pegar. Foi quando abaixei. Com tudo. E ouvimos (em alto e bom som) um barulho de tecido rasgando, que poderia ser facilmente confundido com um som de peido. Senti que todos aqueles olhos estavam virados para a minha região traseira. Se ninguém havia notado a minha calça branca fashion, aquele era o momento. Pior do que a calça rasgar e ficar com parte da bunda de fora, é saber que alguns ali pensaram que eu estava com flatulência. Imaginei os caras pensando: "Rasgou a calça e soltou um pum!" Ou então: ''Que calcinha bege ridícula!'' Confesso que nunca mais olhei pra trás. Mandei uma mensagem imediatamente pro meu marido relatando o fato, já que precisava dividir isso com alguém. Segui em frente sentindo o frescor ali atrás. Estava toda exposta, como em meu pior pesadelo. Entrei na barca como se nada houvesse acontecido. A blusa era um pouco comprida, mas não resolvia o problema, que estava bem mais embaixo. Sentei rápido, sem escolher lugar. E queria sumir. Liguei pro trabalho avisando que eu precisava passar em casa quando chegasse em Niterói. A sorte é que o dia estava frio e amarrei um casaco na cintura até chegar em casa. Aquele glamour da calça branca desapareceu junto com aquele barulho de tecido rasgando e foi me acompanhando com aquela jaqueta amarrada em meu traseiro, toda mal arrumada. Fui pra casa, coloquei a boa e básica calça jeans. Sabe aquela calça que veste bem e não precisa fazer nada? Coisa rara. Me senti mais feliz, confortável e até mais bonita. Nada de ''invenção de moda''. Nada de calça branca. Por hoje. 

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