domingo, 22 de fevereiro de 2015

Uma brecha para a mudança

O Domingo é capaz de deixar bem claro o que é a angústia do recomeço. O medo do novo. A Segunda-feira é como uma sombra, que aos poucos vai se revelando um monstro no fim de um Domingo. É na Segunda que temos a certeza de que precisamos daquela força pra seguir a vida e seus mistérios. Isso, se analisarmos o tempo de acordo com uma semana tradicional e quadrada. Se deixarmos de lado essa tristeza, esse sentimento escuro que o Domingo oferece, por saber que temos um Segunda pra enfrentar, a primeira coisa a fazer é olhar o recomeço como uma oportunidade. A Segunda pode e deve ser uma brecha para a mudança. Mudar o que está ruim, trocar o velho pelo novo, atualizar ideias, se desfazer dos maus hábitos, valorizar o que merece ser valorizado. Para isso, basta esquecer o pensamento tradicional do tempo, caracterizado pelos dias da semana. O velho bla bla bla necessário para ordenar nossa vida em sociedade. Melhor pensar que há muito mais do que a preguiça de acordar cedo pro trabalho. Chega de focar nos problemas que podem se abrir numa Segunda. Qual recomeço se dá sem obstáculos? A Segunda pode ser apenas o início e os problemas podem aparecer na Terça, na Quarta... Eu já tô me recomeçando. No início do ano apertei o botão reset que há em mim. Já sinto resultados se desdobrando. O medo teima em me acompanhar. Mas a coragem segue aqui, de mãos dadas. Olho o calendário e aposto num amanhã colorido, posto que é segunda. 

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Se for fim de caso


Se não fosse por ontem hoje eu não estaria mais esperta para amanhã. Tenho aprendido a dizer não. Sim, agora já sei que o não me apresenta a liberdade de escolha diante daquele que me tem como fácil. Difícil é seguir sem essa segurança! Preciso dela como guia do equilíbrio e da sensatez. Se ela se perde, não me acho mais! A busca é constante porque o hoje é o que tenho em mãos para saber como lidar com o amanhã que um dia será o ontem de uma experiência que já se perdeu. Cada momento é uma oportunidade de vida que precisa ser abraçada. Que o sim seja sabiamente dito, se o coração estiver aberto. E que o não possa dar o ar da graça, se for fim de caso. Dou graças porque o meu hoje está só começando!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Sobre o tempo

"Como poderia explicar minha teoria de maneira mais simples? Coloque sua mão em uma placa quente por um minuto, e isso vai lhe parecer uma hora. Sente-se ao lado de uma linda moça por uma hora, e isso vai lhe parecer um minuto – eis a teoria da relatividade."

Essa teoria explicada assim, de maneira simples, acalma meu coração acelerado nesse tempo que é eterno e, ao mesmo tempo, curto no espaço de tudo o que eu quero e preciso experimentar da vida. Vendo dessa forma, parece que tenho tempo de sobra. Meus desejos são completamente relativos à qualidade da entrega de cada tempo que me ofereço de presente. 


Fonte: A teoria da relatividade de Einstein (Paulo Coelho)

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Caem as máscaras

A alegria do carnaval é efêmera. No carnaval, desejos presos são convidados à liberdade. De maneira fugaz é permitido vestir a fantasia do prazer guardada no fundo do armário da repressão. Tão convidativo que me solto! A cidade me acolhe ao som de blocos coloridos cobertos de sons e batuques sem sentido e me deixo envolver, imergindo na cidade que não tem mais dono. Terra de ninguém. A lei é fazer valer a pena. Pena é não se deixar levar pela folia! E uma vez que se pisa na rua pra brincar carnaval, não falta confete pra jogar em cima dos problemas reais de uma vida banal. Esquece! Tá tão bom! Parece que não tem fim. E vem uma serpentina voando do lado de lá. Alguém me beijou? Quem? Um Palhaço? Hoje pode! Sou Colombina. Ou seria uma Sereia? Ontem era Cleopatra... Tomo mais um gole dessa ilusão que me parece concreta. Não pertenço a nada. Nem me pertenço! Por isso eu posso. E eu sei de cor o que acontece com tanta alegria... Acontece que uma hora acaba. E vem a quarta-feira de cinzas. Triste que só ela! E leva meus desejos coloridos. Mas nem consegui realizar todos ainda! E tava tão bom... Só resta catar confete no chão de restos. Caem as máscaras. E ainda não sei quem sou. Ah! Eu era uma Bailarina! Eu acho. Não sei. A alegria do carnaval é efêmera. E já chegou quarta-feira.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Só falta querer isso: matar a saudade!


O processo de aprender a desapegar e receber o novo é uma constante estrada a ser trilhada por uma vida. O tempo ajuda a encarar o desafio de seguir sem olhar pra trás, mas não ensina a lidar com a saudade. A saudade... Ela é capaz de apertar o peito e não saber ir embora. Coisa rara, mas às vezes ela pode vir como uma lembrança boa, nos fazendo reviver momentos únicos e lindos. Outras vezes a saudade chega cortando como uma rajada de vento gelado; e não há cobertor que aqueça. Quem dera a saudade poder ir embora e não me sufocar mais com o vazio das ausências. Aquelas que mais me fazem falta. Só falta querer isso: matar a saudade! Só que a morte da saudade implica em não viver a experiência de amar, de se entregar de coração aberto. De sentir ainda mais. Ah... Melhor cuidar da saudade, sabe? Deixá-la viva e correr riscos. Pronto. Arrisco sentir saudade no futuro pra mergulhar em todos os amores intensos que me são oferecidos no presente. Amor é presente. Pronta! Que venha mais saudade.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Sem filtros

IAo meu redor vejo pessoas felizes. Pessoas de sorriso largo, dentes brancos e frescor na cara. Gente que transcende lugares feios e apresentam o melhor da vida. Imagens com background colorido e paisagens tão perfeitas que quase saltam da tela. Dificilmente estão sozinhos. São rodeados de amigos. Os melhores. Aqueles que traduzem o sentimento mais puro, mais ensolarado, mais bonito. Sempre repletos de 'muito amor envolvido'. Os momentos congelados dessas pessoas representam uma vida sonhada à espera de ser consumida por quem assiste de longe. Dá gosto de ver. Desgosto de não ser. Conseguir chegar perto de toda essa essência 100% positiva durante todos os dias do ano nada mais é do que se tornar apenas um perfil fake por trás da grande farsa virtual de uma vida vazia. Somos consumidores de uma sociedade escondida através de imagens deturpadas por meio de filtros, paisagens caracterizadas pelo lugar-comum, comidas consideradas desejáveis por todos e belezas idealizadas como fonte de atenção. Atenção! O mundo é maior. Somos aquele grãozinho de areia no meio de uma praia perdida nesse planeta misterioso. Vale sempre lembrar que a graça de viver está no aqui e agora, na chance de recomeçar e nos pequenos detalhes dos momentos vividos de verdade. Isso é o que vale. Procure. Olhe pra dentro. Desapegue-se do que vem de fora, não te pertence! E seja feliz! Sem filtros. 

A busca é colorir esta sexta-feira cinza

Sexta-feira cinza. Preguiça pra acordar. Meu marido me acorda com cara de desânimo, reforçando o nosso sentimento matinal. Me arrasto pro banho, me visto e tomo meu cafe, lendo as notícias do dia e os e-mails de trabalho. Escovo os dentes e saio de casa. No corredor do prédio que moro, aperto o botão do elevador com força, acreditando que isso fará com ele chegue com mais velocidade. Pego um táxi na esquina de casa e peço que ele vá com pressa pro Centro, enquanto abro bolsa e vou me maquiando. Ah, solicito que, por favor, ligue o ar condicionado rápido! Ele me acalma, dizendo que vai ligar e me dá um alerta sobre a minha latente afobação. Ele atingiu sem piedade o meu ponto fraco. Confesso que achei bom o toque do taxista, uma vez que tenho lutado contra a sombra da minha ansiedade. Queria que ela não me atormentasse mais. Mas não dá pra evitar. Tudo culpa da minha Lua em Gêmeos. O taxista deu continuidade ao assunto dizendo que a sexta-feira chegou muito rápido e que esta semana voou - outro dia era domingo! Concordei. Acho mesmo que as semanas, os meses, os anos estão correndo em um ritmo intenso. Isso me fez pensar sobre o que eu tenho feito em meu cotidiano. Marco eventos da minha filha, pago contas, leio meus livros, faço o meu trabalho, comemoro aniversários, agendo hora na médica, ligo pro pedreiro, faço obra em casa, almoço na minha sogra, tomo cafe com a minha mãe, vou a um show com meu marido,  tomo um chopp entre amigas, brinco com meus sobrinhos... É sempre muito bom! Mas não sei ao certo se estou aproveitando cada segundinho desses momentos, porque sempre me pego, já, pensando nas obrigações que irão se seguir. Se estou entre amigas numa terça-feira à noite, por mais que o papo esteja bom, sei que terei que passar no posto pra abastecer o carro e aproveitar pra sacar o dinheiro da faxineira no caixa eletrônico. Os dias seguem. E quando eu vejo já chegou sábado! Penso que isso tudo é muito bom e normal. Uma vida é cheia de obrigações e necessidades. Mas eu preciso de um tempo. De tempo pra focar em uma calma que caminha de forma oposta à direção do corre corre da vida. É preciso descobrir um jeito de colocar mais cores leves na agenda semanal. Quem dera conseguir relaxar pra gozar de cada minuto dos momentos desta existência. Sem pensar no que terei que fazer amanhã e depois, e depois. Comemorei 33 anos na última quarta-feira! Em família! Foi aceleradamente delicioso! Daqui a menos de duas semanas é Quarta-Feira de Cinzas. Já! Mas a busca agora é colorir esta sexta-feira cinza, porque em breve vou acordar em um sábado que poderá ter a cor que eu pintar. Que seja leve e que não me falte uma vasta cartela de cores...


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Cheiro de Maresia

Hoje é 2 de fevereiro. Essa data sempre foi e sempre será especial em minha vida... Fui criada com o cheiro de maresia. Cresci em uma cidade com a praia a alguns passos da minha casa e até hoje essa é a minha realidade. Para completar, tenho uma mãe que sempre foi frequentadora assídua de praia, me levando desde pequena para a areia fofa, de biquíni e com o tempo, até aprendi a catar tatuí. Descobri logo como se faz castelinho na areia, tomei vários caldos furando onda e pegando jacaré e amava brincar de encontrar conchinhas coloridas. E aquele sol de praia que aquece dourado? Também já engoli muita água salgada quando me afogava de tanto nadar. Depois ficava com o biquíni cheio de areia! Pisei em espinha de peixe e, por vezes, senti a areia pinicar na pele. Ui. Quanta saudade. Hoje, ainda sou apaixonada pelo mar e sua brisa que acalma. Mas as descobertas da infância suja de areia ficaram guardadas na gaveta das memórias (aquelas mais gostosas!). Nascida em 4 de fevereiro, tenho extrema afeição por Iemanjá, que no Brasil é um dos orixás mais populares e reverenciados do Candomblé. Não tenho religião. Mas tenho fé. E, sobretudo, tenho admiração por arquétipos que refletem os aspectos humanos mais sutis. Nossos sonhos. Nossos defeitos. Nossos ideais. E Iemanjá, que é lembrada e reconhecida em nosso país dois dias antes do meu aniversário, sempre me deixa com a fé mais apurada por saber que carrego um pedacinho dessa energia feminina, de luz, que exala força de mãe e busca o amor na sua mais nobre essência. Que eu possa contemplar sempre essa imagem do mar em minha história.