domingo, 15 de fevereiro de 2015

Caem as máscaras

A alegria do carnaval é efêmera. No carnaval, desejos presos são convidados à liberdade. De maneira fugaz é permitido vestir a fantasia do prazer guardada no fundo do armário da repressão. Tão convidativo que me solto! A cidade me acolhe ao som de blocos coloridos cobertos de sons e batuques sem sentido e me deixo envolver, imergindo na cidade que não tem mais dono. Terra de ninguém. A lei é fazer valer a pena. Pena é não se deixar levar pela folia! E uma vez que se pisa na rua pra brincar carnaval, não falta confete pra jogar em cima dos problemas reais de uma vida banal. Esquece! Tá tão bom! Parece que não tem fim. E vem uma serpentina voando do lado de lá. Alguém me beijou? Quem? Um Palhaço? Hoje pode! Sou Colombina. Ou seria uma Sereia? Ontem era Cleopatra... Tomo mais um gole dessa ilusão que me parece concreta. Não pertenço a nada. Nem me pertenço! Por isso eu posso. E eu sei de cor o que acontece com tanta alegria... Acontece que uma hora acaba. E vem a quarta-feira de cinzas. Triste que só ela! E leva meus desejos coloridos. Mas nem consegui realizar todos ainda! E tava tão bom... Só resta catar confete no chão de restos. Caem as máscaras. E ainda não sei quem sou. Ah! Eu era uma Bailarina! Eu acho. Não sei. A alegria do carnaval é efêmera. E já chegou quarta-feira.

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